sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre os dois pesos

1 – Admiro Maria Rita Kehl há décadas, literalmente. Desde O Amor é Uma Droga Pesada. Desde antes de mudar para Brusque. Desde antes do nascimento de muita gente da turma virtual.

2 – Li o artigo publicado pelo Estadão antes da caca toda da demissão. Achei ótimo, do tipo que você pode discordar, mas também pode debater. Não tem como descartar por ser um texto vazio.

3 – Como todo mundo, levei um susto com a demissão dela. O Estadão pesou demais a mão. E deu uma de Ana Maria Braga. Explico: aposto meu fígado que o número de leitores do texto pelo menos decuplicou, após da demissão. Tivesse deixado o link circular enquanto quente, o alcance teria sido muito menor e a imagem do jornal não teria sofrido esse desgaste. Digo a mesma coisa para a Folha, no caso de obrigar a tal de Falha de S. Paulo a sair do ar. Jornalões ainda não perceberam o poder do silêncio, em tempos de comunicação descentralizada.

4 – Por outro lado. O Estadão declarou voto. O Estadão é uma empresa. Não existe jornalismo isento, conforme acho que todos já aprendemos. Não teria a menor obrigação de pagar papel, impressão e jornalista para publicar opinião contrária à própria opinião do jornal. Nenhum jornal é uma democracia. Se algum é, pode me apresentar que vou adorar conhecer.

5 – O que me leva a uma indagação: editor do caderno que publicou a Maria Rita Kehl, o que aconteceu com ele? Também foi demitido? Nem sei quem é, desculpa pela falta de informação da minha parte. Mas tenho até medo de descobrir que, assim como aconteceu com os revisores, tenham trocado os editores por editores de texto.

5 comentários:

  1. Ah, sim, caso vc não tenha lido, o texto: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php

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  2. Eu li o texto, li a entrevista com a autora e a entrevista com o editor que acontecerem posteriormente à demissão. Fiquei com a impressão de que ela foi contratada para escrever sobre um assunto, se pôs a escrever sobre outro e nenhuma conversa com a direção do jornal a demoveu de sua posição. Por causa do impasse, tiveram que dispensar seus serviços. Censura não me parece o caso, já que a coluna saiu na íntegra.

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  3. Bom pra cacete o texto. Presenciei ainda hj, uma bancária utilizando os mesmos argumentos para desqualificar votos dos pobres. Daí vem todo aquele discurso sul-separatista-preconceituoso que tu, há décadas em Brusque, deves estar acostumada a ouvir.O que falta pra toda essa gente é educação.

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  4. Também acho deslocadíssimo tascar essa situação no rótulo de censura. A "culpa" não foi da autora, que escreveu dentro da liberdade que achou que tinha, apesar de tudo. Não sei se teve tanta conversa anterior assim, imagino que ninguém leve esse tipo de conversa muito a sério, como criança testando limites.

    Mas alguém não sabia qual era o nível de tolerância dos altos escalões. E os altos escalões foram infelizes.

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  5. Talvez o Estadão tenha errado ao demitir a articulista quando ela entregou este texto, talvez tivesse sido mais político esperar o seguinte, mas o fato é que sendo uma empresa particular, o Estadão pode contratar ou demitir os empregados da forma que considerar apropriada, seguindo as leis trabalhistas ainda vigentes no nosso país, né?

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