terça-feira, 12 de outubro de 2010

Resgate

Lembrei de uma quase poesia que escrevi no saleiro original (o que o Blogger Br me tomou... buá, buá) em um Dia das Crianças... Achei um arquivo doc com parte dela. Parte! Estou me sentindo como uma Indiana Jones dos backups empoeirados. Como se salva só uma parte de um texto, não faço ideia. Mas cá está.


Quando eu era criança, não existia Barbie no Brasil
Quando eu era criança, não existia McDonald´s no Brasil

Quando eu era criança, a gente não via televisão durante o dia

Quando eu era criança, a gente só tomava refrigerante nos finais de semana.

Quando eu era criança, era uma festa sair pra comer misto quente e tomar colegial de chocolate.

Quando eu era criança, nada disso se chamava fast food. Ainda.

Quando eu era criança, as férias de verão duravam 3 meses.

A gente tinha menos dias de aula, mas eu acho que, mesmo assim, aprendia mais coisas.

Quando eu era criança, o faz-de-conta ainda estava bem vivo.

Eu fui criança antes do Atari, e fui criança antes da maquiagem infantil.

Quando eu era criança, eu tinha pesadelos com a bomba atômica,

Mas eu acho que eu não entendia direito o que era.

Quando eu era criança, eu cantava músicas de criança,

Mas assistia todo ano os festivais da Record...

Quando eu era criança, eu lia Monteiro Lobato.

Eu brincava


Imagino que eu continuasse dizendo que brincava de casinha, brincava com colheres de chá nos potes de arroz, enquanto minha mãe cozinhava, espalhando arroz cru pela cozinha e perdendo colherinhas no fundo das latas.
Que eu brincava de praia no tanque cheio de água e que criava universos de espuma nas paredes do banheiro.
Que eu tive um tanto justo de brinquedos, maior que a média mas não o tanto que as crianças esperam ter hoje, por qualquer razão ou razão nenhuma.
Que eu tinha pequenas obrigações e odiava todas elas, mas queria passar enceradeira nos domingos, só para subir nela com os dois pés e passear, imaginando que fosse, sei lá, um veículo mágico.
Que eu tinha muitos medos, medo do meu pai, medo de estranhos, medo do escuro... medos reais, medos imaginários, medos fermentados pelo medo alheio.
Mas que tinha uma segurança que hoje não conheço mais. Talvez nem exista. Nem na infância de hoje, tão curta e mimadinha.

Mas que ainda sim, dá para deixar as nossas crianças eternas, as que não podemos deixar fugir de dentro da gente, suficientemente felizes.

Feliz hoje. Feliz todos os hojes.

5 comentários:

  1. Posso dizer que quando eu tinha 15 anos pedi uma Barbie de presente? E ganhei!

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  2. Incrível, também pedi Barbie aos 15 anos e também ganhei... quer dizer, na verdade foi uma Skipper!

    O que é colegial de chocolate? :p

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  3. Não existe mais colegial, um sundae menor?

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  4. Colegial... eu tomava, era "tradição familiar" depois do desfile de 7 de setembro, na "sorveteria-perto-da-praça-cívica"... eita, lembranças!!! A tal sorveteria existe até hoje (acho que é a mais antiga da cidade, não que eu seja velha :P), mas nem sei se ainda tem colegial, sempre que vou lá só peço "moço, duas bolas de sorvete" (acho que as mais caras - e mais gostosas - da cidade)

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