sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Blé

Antigamente, a internet era límpida e eu era risonha e crédula. Acreditava que o encontro entre pessoas, online, tinha um potencial fantástico para derreter preconceitos. Porque nos relacionaríamos com a essência do outro, sem passar por nenhum crivo tradicionalmente gerador de conceitos prévios. Se a outra pessoa é cor de abóbora, multissexual, filha de mãe alienígena e pai mutante, uótever, nada importa. Um universo de pura expressão de ideias, compartilhamento de afinidades, emoções, bobajadas...

Em parte, isso até funciona. Abismos geográficos e geracionais são encurtadas como nunca antes na história deste planeta. Mas o preconceito é mais forte que a tecnologia e nos duelos entre informação X imaturidade, esta tem o péssimo hábito de vencer. E é assim que vemos um festival de ofensas de jardim da infância por aí - bobos! feios! chatos! velhos! suburbanos! Falta de argumentos, versão 2.0, segue firme e forte, mostrando que o ser humano pode ser raso em modelo presencial ou à distância.

Como era mesmo aquela frase do Tom Jobim, dizendo que quando não tinham nada para falar contra o próprio, diziam que o cachorro dele era feio? Não lembro e o Google, pelo jeito, também não.

Google, você é bobo!

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